Um eterno cabra revolucionário
Um eterno cabra revolucionário
Janduhi Medeiros
O eterno Rei do Baião, filho do sertão e dos sentimentos nordestinos, cantou como ninguém a alegria, a devoção e a dor da brava gente de seu torrão. Lua, como foi tratado pela sensibilidade da noite, se eternizou como o sanfoneiro do orgulho nordestino, a voz da caatinga, da chuva e da estiagem, deixou como herança uma obra singular, uma música autentica e viva, envolvida de valores e sentimentos, tradição e ritmos.
É o que fica claro no seu acervo musical. Sua voz se cristalizou nos terreiros da cultura e continua como ária em nome de uma região que permanentemente luta pela sobrevivência e pela demarcação de uma forte identidade cultural.
A carreira de Luiz Gonzaga é um triunfo da perseverança, firmeza, carisma e astucia da coragem sertaneja. Um forte símbolo cultural do círculo do couro. Filho de sanfoneiro, sanfoneiro será, este é o dito popular nas feiras do sertão. Ainda menino, Luiz já animava relabuchos e demonstrava habilidade real para o reinado. Ainda rapazote, dá início a sua saga, saindo da casa dos pais; depois de muitas estradas, rumou para o Rio de todos os impérios.
Na capital federal, ainda na década de trinta, tentou uma vida artística cantando boleros, valsas e tangos, moda na época, mas não agradou, e não deveria agradar tocando aquilo que não lhe pertencia. O seu destino de rei foi iniciado quando conheceu o grande poeta e humanista Humberto Teixeira, seu maior informante e coiteiro.
Foi o socialista Humberto, discípulo de Lampião, quem o orientou a se apresentar no programa de auditório de Ary Barroso, vestido de nordestino e tocar baião. Interpretando e tocando o sertão, Luiz Gonzaga conquistou o Brasil por inteiro, tirando a música brasileira do medo e da mesmice ao cantar as músicas do povo do Nordeste, com o forte calor da alegria, aqueles forrós que ouvia e tocava junto com Januário, desde menino, animando os alpendres e os chamegos das noites sertanejas.
Com a sua sanfona no matulão, Luiz Gonzaga percorreu um país do tamanho de um continente e semeou a sua voz de vaqueiro e de aboio. Sua vocação foi galopar por este Brasil completo e emocionar os forrobodós com seu sorriso contaminado de gosto do povo brasileiro. Após o declínio da Bossa Nova e o espanto da Tropicália, a nova geração e a crítica musical reconhece a importância cultural e social do grande valor de Gonzagão. O reconhecimento acadêmico o aproxima do seu filho, Gonzaguinha, que passa a trilhar e a viver os passos do pai, sem a vergonha de ser feliz.
Para muitos, no campo político, Luiz Gonzaga era conservador, mesmo tendo como parceiro Humberto Teixeira e gravado músicas de protestos. Porém, nos lajedos da música, foi um grande cabra revolucionário e comprometido com as suas tradições nordestinas, tornando-se o eterno Rei do Baião, merecidamente.
Janduhi Medeiros
O eterno Rei do Baião, filho do sertão e dos sentimentos nordestinos, cantou como ninguém a alegria, a devoção e a dor da brava gente de seu torrão. Lua, como foi tratado pela sensibilidade da noite, se eternizou como o sanfoneiro do orgulho nordestino, a voz da caatinga, da chuva e da estiagem, deixou como herança uma obra singular, uma música autentica e viva, envolvida de valores e sentimentos, tradição e ritmos.
É o que fica claro no seu acervo musical. Sua voz se cristalizou nos terreiros da cultura e continua como ária em nome de uma região que permanentemente luta pela sobrevivência e pela demarcação de uma forte identidade cultural.
A carreira de Luiz Gonzaga é um triunfo da perseverança, firmeza, carisma e astucia da coragem sertaneja. Um forte símbolo cultural do círculo do couro. Filho de sanfoneiro, sanfoneiro será, este é o dito popular nas feiras do sertão. Ainda menino, Luiz já animava relabuchos e demonstrava habilidade real para o reinado. Ainda rapazote, dá início a sua saga, saindo da casa dos pais; depois de muitas estradas, rumou para o Rio de todos os impérios.
Na capital federal, ainda na década de trinta, tentou uma vida artística cantando boleros, valsas e tangos, moda na época, mas não agradou, e não deveria agradar tocando aquilo que não lhe pertencia. O seu destino de rei foi iniciado quando conheceu o grande poeta e humanista Humberto Teixeira, seu maior informante e coiteiro.
Foi o socialista Humberto, discípulo de Lampião, quem o orientou a se apresentar no programa de auditório de Ary Barroso, vestido de nordestino e tocar baião. Interpretando e tocando o sertão, Luiz Gonzaga conquistou o Brasil por inteiro, tirando a música brasileira do medo e da mesmice ao cantar as músicas do povo do Nordeste, com o forte calor da alegria, aqueles forrós que ouvia e tocava junto com Januário, desde menino, animando os alpendres e os chamegos das noites sertanejas.
Com a sua sanfona no matulão, Luiz Gonzaga percorreu um país do tamanho de um continente e semeou a sua voz de vaqueiro e de aboio. Sua vocação foi galopar por este Brasil completo e emocionar os forrobodós com seu sorriso contaminado de gosto do povo brasileiro. Após o declínio da Bossa Nova e o espanto da Tropicália, a nova geração e a crítica musical reconhece a importância cultural e social do grande valor de Gonzagão. O reconhecimento acadêmico o aproxima do seu filho, Gonzaguinha, que passa a trilhar e a viver os passos do pai, sem a vergonha de ser feliz.
Para muitos, no campo político, Luiz Gonzaga era conservador, mesmo tendo como parceiro Humberto Teixeira e gravado músicas de protestos. Porém, nos lajedos da música, foi um grande cabra revolucionário e comprometido com as suas tradições nordestinas, tornando-se o eterno Rei do Baião, merecidamente.
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