segunda-feira, 7 de novembro de 2011


Ásia IX

6 de novembro de 2011
Ásia IX



CAIRO, EGITO
Concluo esta série de relatos concernentes às minhas viagens pela Ásia, incluindo no roteiro cidades dos países transcontinentais visitados, seguindo a mesma orientação adotada para a inclusão de Istambul, sobre a qual já escrevi, por ser a única do mundo a estender-se por dois continentes. Nessas duas últimas postagens ocupar-me-ei da Rússia — São Petersburgo, e do Egito — Cairo e outras cidades históricas visitadas. Tal como a Rússia, o Egito ocupa parte da Europa e da Ásia. 
A Rússia, maior país do mundo, considerado europeu, tem mais de 76% do seu território na Ásia; enquanto o Egito, país africano, tem também parte do seu território na Ásia — a Península do Sinai, terra dos minerais (principalmente petróleo e ouro) em cujo monte Moisés teria recebido de Deus o Decálogo. Na mesma região se encontra edificado desde o século IV o famoso Convento de Santa Catarina, que possui a maior coleção de ícones antigos do mundo cristão e é tombado como Patrimônio Mundial pela UNESCO. Além do mais, a Península do Sinai é a meca dos mergulhadores e dos amantes do safári esportes que geram enorme fluxo turístico.


CAIRO — Estive no Egito em junho de 1996. Minha primeira viagem solo para o exterior, repleta de atropelos e apreensões, sem acompanhante de agência de turismo! Mas ao chegar ao Cairo, a beleza da cidade encheu-me de alegria e curiosidade. Hospedei-me no Hormoheb Hotel, na Avenida das Pirâmides, e minha primeira atividade turística foi assistir ao show de luz e som nas Pirâmides, espetáculo deslumbrante e inesquecível, o primeiro desse gênero que via na vida!
Com mais de 16 milhões de habitantes, computada a população da sua região metropolitana, é a maior metrópole da África e do Oriente Médio.  Situada às margens do Rio Nilo, posiciona-se entre as vinte maiores cidades do mundo. As Pirâmides de Gizé e Sacara e o Museu Egípcio são as suas mais famosas atrações. Têm conquistado permanentemente grande admiração e respeito de turistas e estudiosos de todos os continentes. 
A GRANDE PIRÂMIDE — A Pirâmide de Quéops, conhecida também como a Grande Pirâmide, é de longe a mais antiga das maravilhas do mundo antigo e a única que não sucumbiu ao desgaste do tempo. Veja-se a grandiosidade desse faraônico monumento, construído entre 2551 a 2528 a.C., considerando os seguintes dados: Sua altura original de 146,60m (54 metros a mais do que a estátua de Liberdade em Nova York) está atualmente reduzida a 137,16m, por terem sido destruídos seu topo e o revestimento. Na sua construção, durante vinte anos, trabalharam cerca de 100 mil pessoas. Ocupa área de mais de cinco hectares, na qual caberiam as cinco maiores catedrais europeias, incluindo a de São Pedro, em Roma, e a de São Paulo em Londres! Calculam os piramidógrafos que sua estrutura é composta de 2.600.000 gigantescos blocos de pedra com o peso médio de duas toneladas, sendo que alguns chegam a pesar sete vezes mais, elevando para mais de 31.200.000 toneladas o peso total do monumento. A Grande Pirâmide durante muitos séculos foi a mais alta edificação do mundo, só superada pela torre da Catedral de Lincoln, na Inglaterra, construída em 1311, com 159 metros de altura, e destruída em 1549. A Grande Pirâmide só voltou a ser superada em 1889, com a inauguração da Torre Eiffel.
Hoje fico por aqui, sem falar nas demais pirâmides e nas fascinantes caminhadas que fiz por dentro delas, mesmo porque se fosse escrever a respeito de tudo quanto vi e fotografei no Egito teria matéria para ocupar volumoso livro, que, obviamente, esta coluna semanal não comporta. Talvez seja oportuno registrar que quando Napoleão Bonaparte (Soldados! Do alto destas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam!) esteve no Egito em 1798 levava consigo, além dos 34 mil soldados, 167 assessores, pesquisadores e cientistas. Ao retornarem à França descreveram o que tinham visto no Egito, obra publicada em nada menos do que 24 volumes!
A GRANDE ESFINGE — Diria que é o personagem principal do extraordinário e portentoso show de som e luz das pirâmides de Gisé, que dura duas horas e começa com a história da Esfinge, guardiã da cidade dos mortos. Esculpida em pedra calcária há mais de cinco mil anos, tem corpo em forma de leão e cabeça humana, 57 metros de comprimento, seis de largura e vinte de altura. É a maior estátua do mundo resultante de um só bloco de pedra. Abandonada, a Esfinge já em 1400 a.C. encontrava-se quase totalmente soterrada! Somente em 1817 d.C. conseguiram desenterrá-la até descobrir o peito. Mas o mundo teve de esperar mais de um século para poder vê-la totalmente desenterrada em 1925. O vandalismo já tinha quebrado o seu nariz de um metro de largura. A sua barba real, serrada pelos ingleses, encontra-se no Museu de Londres.
MUSEU – Outro dos grandes ícones internacionais de cultura no Cairo é o seu estupendo museu de antiguidades faraônicas. Visitei-o no domingo 16 de junho de 1996, guiado por egiptólogo local que se expressava em bom portunhol. As múmias e o tesouro de Tutankhamon me deixaram estonteado de emoção.  O Museu do Cairo possui mais de 120 mil objetos de grande valor histórico e arqueológico. Desse acervo imenso acho que apenas uns 12 mil (esculturas e pinturas, joias, moedas, perfumes e cosméticos da antiguidade, peças de vestuário, artefatos funerários, pergaminhos, etc.) estão expostos ao público. Pela sua limitação de espaço o museu não comporta mais do que isso. Mesmo assim, de lá saí com imensa vontade de voltar a me reencontrar com tudo isso que já era muito antigo quando Jesus veio ao mundo.
OUTROS LUGARES VISITADOS — Igreja copta de Abou Serga, que marca o lugar onde José e Maria descansaram quando fugiram para o Egito. A Mesquita e a Universidade de Al Azhar, a mais antiga do mundo, fundada no século 10. Tour de ônibus pela cidade moderna.
CRUZEIRO PELO RIO NILO — Do Cairo a Luxor, uma hora de vôo sobre o Deserto de Saara. Em Luxor, antiga Tebas, embarquei no Meridien Champollion, moderno Barco-Hotel turístico, para cruzeiro de cinco dias pelo Rio Nilo. Foi a mais divertida parte dessa visita ao Egito. O barco com apenas 51 cabines, três decks, 71 metros de comprimento, 14 de largura e 11 de altura, ar condicionado, televisão, rádio, telefone em todas as cabines e tudo o mais necessário ao conforto pessoal.  Na cobertura, ampla piscina destinada quase que exclusivamente aos ocidentais, visto que os muçulmanos não a usam, mesmo porque suas mulheres não vestem maior, muito menos biquíni. Do aeroporto internacional de Luxor seguimos diretamente para o templo de Karnak, o maior dos templos do antigo Egito (1.200.000m²) e que se destaca, sobretudo, por suas 134 enormes colunas de 21m de altura e quatro de diâmetro, todas atualmente ainda em pé, consideradas as maiores do mundo. É o único monumento do mundo que registra traços culturais e religiosos das épocas faraônica, greco-romana, copta e islâmica, com nichos e afrescos coptas e até uma Mesquita. Sua construção, na qual trabalharam 80.000 pessoas, começou em 2200 e terminou por volta de 360 a.C. A seguir, no Templo de Luxor, contemplamos admirados as estátuas colossais do faraó Ramsés II. 
No Vale dos Reis e no Vale das Rainhas entrei em algumas tumbas, sendo a que mais me impressionou foi a de Tutankhamon (foto acima), única múmia de faraó que permanece na sua tumba original no vale. Todo esse imenso complexo de Tebas antiga com sua necrópole é considerado patrimônio mundial pela UNESCO. Rio acima, percorridos 55km a caminho de Assuã, aportamos em Esna para rápida visita ao templo de Khnum construído por Tutmés III, que reinou de 1457 a 1425 a.C. A parada seguinte foi em Edfu, cujo templo dedicado a Hórus foi construído pelos reis da dinastia ptolomaica que governou o Egito de 305 a 30 a.C. A 40km de Assuã aportamos em Kom Ombo para conhecermos uma curiosidade: Templo também da dinastia ptolomaica dedicado a duas divindades consideradas ridículas hoje em dia, o deus crocodilo e o deus falcão! Enfim, Assuã, término do cruzeiro e da crônica da viagem. Mas, se puder, retornarei um dia para visitar o faraó Ramsés II em Abu Simbel. (Na foto, Francisco de Assis Medeiros caracterizado de árabe gordalhudo para participar como personagem em peça teatral a bordo).

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