segunda-feira, 10 de setembro de 2012

[De olho no mundo - 57]...



4 de setembro de 2012

cardápio da imprensa
A população começa a demonstrar impaciência e repúdio aos políticos de forma clara e direta. Em muitas cidades, cavaletes com propaganda eleitoral dispostos na via pública estão sendo chutados, quebrados ou simplesmente jogados no lixo pelos passantes. E as redes sociais dão reforço divulgando fotos e mensagens a respeito desse tipo de ação.

A segunda rodada do julgamento do mensalão petista aponta que a parte que presta da sociedade brasileira tem motivos para acreditar que vai lavar a alma. Além de condenações a granel dos mensaleiros, surgem ganhos secundários como a completa desmoralização do advogado Márcio Thomaz Bastos, derrotado por 10x0 na sua defesa da patota do Banco Rural. Para alguém que começou esse processo arrotando a grandeza de quem salvaria todos os réus, Bastos tem agora bons motivos para encerrar sua carreira depois deste julgamento. Um fim melancólico para quem, siamês do pior petismo e já no outono da vida, não terá mais tempo para remendar a própria biografia.
Diante das perspectivas de condenação generalizada que o Supremo Tribunal Federal aponta para os mensaleiros, a nova estratégia tresloucada do PT é tentar eleger o máximo de candidatos nas próximas eleições, de modo a tirar das urnas mais um discurso desonesto: “O STF condenou, mas o povo continua com o PT”. Essa maravilha de tese foi construída por gente do tipo Lula da Silva, Zé Dirceu, Márcio Thomaz Bastos, Rui Falcão e Sigmaringa Seixas, em recente reunião teoricamente secreta no Instituto Lula.
Embora houvesse esbravejado que tinha coisa mais importante a fazer do que acompanhar o julgamento dos mensaleiros de estimação, as primeiras rodadas de condenações em massa já colocaram o Guru de Alambique em parafuso. A ponto de fazê-lo xingar violentamente os ministros que o petismo nomeou para o Supremo. Por isso, pretende levar a Dilma nomes de sua inteira confiança para substituir Cezar Peluso.
Zé Dirceu anda demonstrando sinais de pavor. Logo depois da condenação de João Paulo Cunha, soube que o ministro Marco Aurélio Mello havia feito um comentário de bastidores: “Vendo o tribunal com essa coesão, imagino que se delineie uma condenação para ficar na história”. Assustado, tratou de ligar para seu defensor e amargou a confirmação com enorme desconforto.
Outro mensaleiro que anda preocupando a cumpanherada é Zé Genoino, que dá sinais de profunda depressão. Felizmente, não há espaço para a síndrome de coitadinho nesta história, até porque Genoino está na outra face da moeda de patifarias cunhada pelo Banco Rural para forjar legalidade aos empréstimos podres petistas.
Nos corredores do Supremo, o futuro do réu Marcos Valério divide opiniões. Há quem aposte que ele, vendo-se transformado no principal condenado no julgamento do mensalão petista, termine por abrir o bico para alimentar o ventilador. Há também quem aposte que simplesmente fugirá do país.
O governador pernambucano Eduardo Campos pretende se apresentar como terceira via na eleição presidencial de 2014. A lógica de Campos se baseia na avaliação de quatro pontos principais: a) hoje ainda favorita na disputa, Dilma Rousseff poderá perder prestígio e espaço político com o possível agravamento da crise econômica que corrói boa parte do mundo e ronda o Brasil; b) a saúde de Lula da Silva poderá impedir que ele dispute a Presidência novamente; c) a oposição, de tão retraída, não tem forças aparentes para voltar ao poder agora; e d) é preciso se distanciar do PT como aliado, pois jamais receberá o apoio do partido do governo para suas pretensões presidenciais.
Campos, que vem se revelando uma raposa política ainda mais competente do que o avô Miguel Arraes, deu outro nó no pingo d’água petista ao confirmar presença em ato de apoio a Fernando Haddad no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo.
Lula da Silva anda reclamando que Eduardo Campos já estaria em campanha – como se ele mesmo não tivesse iniciado suas campanhas e a de Dilma Rousseff na hora em que bem entendeu, inclusive utilizando vergonhosamente a máquina pública e pisoteando a legislação eleitoral. O que mais assusta o Guru de Alambique é a notável aproximação de Campos com grandes empresários e com o comando tucano, especialmente o mineiro Aécio Neves.
O ex-presidente aposta na tese que Aécio sabe que não tem cacife político para concorrer à Presidência. Por isso, vai costurar o apoio dos tucanos a Eduardo Campos – aceitando o posto de vice na chapa do pernambucano. Lula da Silva também acredita que PR, PSD e PTB, hoje aliados do governo, vão apoiar Campos já no primeiro turno, transferindo um bom tempo de televisão, que crescerá ainda mais com o apoio do PSDB.
Por ora, Aécio Neves segue dando passos de quem pretende concorrer. Além de gravar participação na campanha de mais de 80 candidatos de todo o país, já passou por inúmeras cidades do interior de Minas, visitou Curitiba e está em caravana pelo Nordeste.
Com a ampliação da vantagem de Celso Russomano na disputa paulistana – pesquisas apontam que ele venceria Serra ou Haddad no segundo turno com quase 60% dos votos –, os operadores das campanhas tucana e petista andam tentando vencer os constrangimentos para assumir uma constatação óbvia: PSDB e PT dependem visceralmente um do outro (no segundo turno) para evitar uma tragédia diante de Russomano. Ou seja, poderá repetir-se agora a mesma estratégia que uniu tucanos e petistas contra Paulo Maluf em 1998 (quando Mário Covas ganhou o governo com o apoio do PT) e em 2000 (quando Marta Suplicy ganhou a prefeitura com o apoio do PSDB).
Alegando um suposto veto médico em razão de dor na garganta e febre, Lula da Silva desmarcou compromissos de campanha em 17 estados. Já o secretário nacional de Organização do partido Paulo Frateschi deu outra versão: o ex-presidente estaria avaliando a melhor hora da campanha para subir em cada palanque. Na verdade, ele resolveu passar longe de candidatos condenados ao fiasco nas urnas, para que as derrotas não tisnem ainda mais sua falsa imagem de infalível. Curiosamente, o “veto médico” não alcançou as agendas políticas em Belo Horizonte, Manaus e Salvador – cidades onde estão liderando (ou abençoando aliados) seus desafetos Aécio Neves, Arthur Virgílio e ACM Neto.

Diante do rigor do Supremo, não demora vai ter político salafrário abrindo mão do foro privilegiado.

Zé Prativainosso vidente de estimação, manuseando sua bola de cristal.

alarido
A maior parte das pessoas nunca soube do que é que se está falando.”
(Millôr Fernandes, gênio da raça)

“O PT é, de fato, um partido interessante. Começou com presos políticos e vai terminar com políticos presos.”
(Frase atribuída ao jornalista gaiato Joelmir Beting, que circula no território livre da internet)

“...um verdadeiro núcleo criminoso.”
(Celso de Mello, ministro do Supremo, fazendo referência ao Banco Rural)

“Suspeitas, antes de se materializarem em indícios, são frágeis diante da obsessão por formar maiorias hegemônicas, enfermidade petista incurável.”
(Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente, em artigo a respeito da herança do governo Lula da Silva)

“É pesada como chumbo a herança desse estilo bombástico de governar que esconde males morais e prejuízos materiais sensíveis para o futuro da Nação.”
(Idem)

“Para o ministro, o fato de determinados réus ocuparem posição de maior hierarquia em estruturas públicas, financeiras ou partidárias deve ser aplicado como agravante para penas maiores. Ele se baseia no trecho do Código Penal que estabelece sanções mais rígidas para quem ‘promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes’.”
(Laryssa Borges, jornalista, comentando o voto do então ministro Cezar Peluso no julgamento do mensalão petista)

“A adoção de agravantes nas penas dos mensaleiros tem função crucial para evitar a prescrição de crimes cometidos no mensalão.”
(Idem)

“Após assistir a 6 dos 8 ministros que nomeou para o STF condenando a companheirada, Lula ainda insistirá que o mensalão não existiu?”
(Cláudio Humberto, jornalista)

“Lewandowski é mesmo corajoso. Não teme o juízo da história.”
(Reinaldo Azevedo, jornalista, criticando as posições do ministro do Supremo em favor da protelação do julgamento do mensalão petista)

“Independentemente de condenações ou absolvições, é um grande avanço para a democracia o Supremo Tribunal Federal firmar jurisprudência sobre a criminalização do uso político do caixa 2, sejam quais forem os meios e os fins, e começar a acabar com um dos mais nefastos e antidemocráticos vícios da política brasileira, lastreado no cinismo do “todos fazem” e na promiscuidade com os doadores [...] É por isso que em países civilizados, com maior tradição jurídica que o Brasil, como a Itália, a Alemanha e a Inglaterra, a motivação política é considerada como fator agravante de um crime. Porque o produto do delito servirá para manipular processos eleitorais e atentar contra as instituições democráticas, roubando direitos de toda a sociedade.”
(Nelson Motta, articulista e agitador cultural)

“O Eduardo está ocupando um vácuo de poder que existe na oposição.”
(Lula da Silva, falando a petistas a respeito do problema que o partido poderá ter pela frente nas eleições presidenciais de 2014)
moleskine
AFP PHOTO / ANTONIO SCORZA
A Seleção parece estar trabalhando duro para nos oferecer o maior vexame de todas as Copas. Nada explica o que estamos vendo desde que Mano Menezes assumiu o time. O grito de alerta foi dado depois do jogo contra a África do Sul, no Morumbi, pelo veterano jornalista Ricardo Kotscho: “Já deu, Mano! Cai fora e leva o Marin”.

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